26 junho 2009

É... Michael Jackson morreu... Melhor assim. Um artista como ele não merecia a decrepitude pela qual passava nos últimos anos. Mais do que nunca agora temos um mito. Eu não 'existia' (acho) quando Elvis, Lennon, Marley e tantos outros paradigmas das artes morreram. No entanto, consciente, registro que Jackson morreu... Noite fria chuvosa...

No ano passado escrevi este texto para o Mistureba Híbrida, ressuscito-o:


Drácula ou Peter Pan? Não, é Jackson

É, chegamos ao derradeiro suspiro de mais um mês, o tal do cachorro louco, do desgosto e de todos esses clichês. Muita coisa aconteceu neste entremeio: Os Jogos Olímpicos na China, mais um conflito armado, encabeçado desta vez pela Rússia e pela Geórgia, a confirmação de Obama como representante Democrata nas eleições presidenciais dos EUA... No entanto, não escrevo para fazer uma retrospectiva de Agosto, e nem sei por que me demorei tanto nesse prólogo. Como tempo é informação, e esta é uma das forças motriz da atualidade, deixarei de delongas e entrarei no meu breve discurso. Acompanhe, pois!

Ao caro Vanildo Marley, desculpe-me, mas desta vez serei eu a escrever sobre mais um cinqüentenário: Michael Jackson! Sim, como foi amplamente noticiado por todas as mídias hoje, 29 de agosto comemora-se o aniversário de um dos maiores paradigmas da música pop mundial. Todos, ou melhor, muita gente, já o ouviu e senão, ao menos deve ter acompanhado os inúmeros mitos que acompanham a sua figura. Atualmente, aliás, ele figura com mais freqüência nas páginas de fofocas sobre celebridades do que nos cadernos de Cultura e Música. Ok, mas não estou aqui para falar sobre a biografia dele (para isto basta acessar deus, ou Google se preferir). E sim prestar uma singela homenagem através da lembrança dos ‘seus anos’.

Pode-se discutir inúmeros traços da personalidade de Michael, e até dizer que ele é um louco, pedófilo, uma aberração física e etc. Pessoalmente eu até concordo com determinadas atribuições feitas a ele. Mas nada disso, absolutamente nada mesmo, macula o seu histórico como artista, como criador (não apenas musicalmente, a influencia que ele exerce em outros campos como a dança contemporânea é relevante e deve ser ressaltada). O que importa, de fato, é que ele já está no roll da fama ao lado de outros grandes nomes fundamentais na criação da música pop americana, como James Brown e Prince.

Bom, pra finalizar Jackson é acima de tudo uma ‘persona’, interpreta uma personagem de si mesmo. A um veículo de comunicação norte americano ele disse que, nesta data querida, se sente “muito sábio, mas ao mesmo tempo muito jovem". Um misto de Conde Drácula e Peter Pan? Talvez, embora se tratando do “Rei do Pop” (não gosto de titulações com essa, mas...), eu não tenha competência alguma para afirmar absolutamente nada... Em suma, parabéns Michael! E que muitos outros sucessos e inovações artísticas venham à luz, para a nossa satisfação, é claro.


16 junho 2009

Não sou nenhum...

...Jornalista (será mesmo?), no entanto a causa é válida. Volto em ocasião mais opurtuna para escrever sobre o que penso da obrigatoriedade do diploma para o profissional de comunicação.




10 junho 2009

Idealismo, existencialismo... Jornalismo! E outros ismos mais

Com freqüência discutimos a pertinência de termos como neutralidade e imparcialidade quando aplicados ao jornalismo. Ideal. Acreditar na possibilidade de tal idealização é alçar o sujeito jornalista a uma categoria além do homem, divina. Nem aos deuses, nas mais variadas narrativas mitológicas, imparcialidade e neutralidade se aplicam. Zeus é testemunha disso. Jornalista é Deus. Pensado idealmente cabe ao repórter a função de Pai onipotente, presente e contundente. Justo. À imprensa devotamos a nossa fé no real como se não se tratasse ela, imprensa, de uma instituição. Falha. A sacra instituição e seus ortodoxos crentes se auto-proclamam os reprodutores da realidade, espelho veneziano do meio social. Opaco. Muito mais que reflexo do real a imprensa o constrói. O discurso constrói o mundo.

Ao jornalista deificado resta à árdua (?) tarefa de empenhar-se na manutenção da pretensa objetividade. Aos jornalistas, aliás, podemos agrupar em três grupos. Amorfos. Alguns alienados pela própria sagacidade profissional tornam-se defensores ferrenhos de tão escabrosa possibilidade do imparcial indubitável. Ufanistas da profissão, eles serão sempre os primeiros a, orgulhosos, rechaçarem as críticas e demonizar o outro. Nestes espécimes ingênuos persevera a ambição de apagar os traços da subjetividade em detrimento a utilização da terceira pessoa que “garantiria formalmente a impessoalidade do discurso, tendo-se como resultado um discurso esvaziado, que acaba por ocultar o processo social que possibilitou a notícia.” Jornalista que o é de fato desnuda-se de sua biografia sempre que estiver em ‘horário de trabalho’. O ser humano é um ser histórico-sócio-cultural. Jornalista é factual.

Também há aqueles não muito convictos do discurso institucionalizado e da pregação persistente (insistente) que até duvidam da validade universal dos preceitos miraculosos, contudo não ousam rebelar-se. Reformas, talvez. Mas não revoluções. Medrosos! Acusaria alguém menos compadecente. Antes das sentenças, no entanto, ouçamos os argumentos, ou procederemos como a própria imprensa e estamparemos nossas capas com conjecturas apriorísticas? Veja. Isto (não) é simples. Pois bem, aos jornalistas duvidosos do ideário jornalístico, porém ativos participes da construção desse mesmo ideário, podemos comparar ao católico por convenção. Sabe como é: identifica-se como católico freqüentador das missas dominicais, confessa assiduamente, até saboreia a comunhão sem mastigá-la, faz a penitencia, caridoso... Mas ainda sente certa dúvida sobre a honradez mariana e até mesmo da existência de Cristo. Duvida. Mesmo assim é mais fácil permanecer o mesmo, na zona de conforto, a questionar verdades milenares. Assim, procede essa estirpe de jornalista, para eles é mais fácil permanecer o mesmo a abandonar o lugar a mesa. Pai por que me abandonaste?! Não antes de o galo cantar.

E por fim, nos restam à minoria (?) de hereges-revolucionários que apreendem para si a função de desestabilizar, colocar em crise o status quo. A esses a palavra não se revelou, mas ocultou-se. Aos hereges, cientes do mistério da linguagem e sua inerente polifonia polissêmica restou a fomentação do incipiente Kaos. Fato? Coisa construída. O em si da notícia é compreendido como o para si do mercado. Inferno é um outro. Eu duplo. Mais-valia saber que a "neutralidade não existe (afinal, o jornal é uma empresa que vende uma mercadoria chamada notícia)”. Se não existe logo não há essência. Logo será de conhecimento público que a corte está nua. Enquanto isso, entre perseguições e reprimendas. Torquemada. Os hereges em posse de dispositivos literários amplificam os campos semânticos, faz falar as vozes (dissonantes) em um mesmo discurso. O novo jornalismo reconhece-se como uma variante da construção do real. Não há única. O social deixa de ser fotografado para ser pintado. Sujeitos em atividade. Ao jornalista o retorno à humanidade.

09 junho 2009

Este blog está por demais abandonado. "Isso é apenas uma observação", diria uma conhecida(?). Enfim, constato que no último mês não consegui racionalizar ou materializar absolutamente nada além dos meus trabalhos da faculdade. Justificativa pouco convincente mesmo para mim... Pretendo, contudo, retornar ao Quimeras em breve. Para começar alguns poemas - interessantes - do poeta (português) Gastão Cruz:


Junho é um mês funesto


Junho é um mês funesto
com o céu coberto
de armas

Da secura de junho
ninguém ainda morre
em cada corpo a boca
envolve os dedos mansos

§

Às vezes despedimo-nos tão cedo

Às vezes despedimo-nos tão cedo
que nem lágrimas há que nos suportem o
peso da voz à solidão exposta
ou
de lisboa no corpo o peso triste

Às vezes é tão cedo que nos vemos
omitidos
enquanto expõe
o peso insuportável do amor
a despedida

É tão cedo por vezes que lisboa
estende sobre os corpos o desgosto

Com os dedos no crânio despedimo-nos

§

Paráfrase

Deito um peixe no eixo do meu peito
aí o deixo devorar primeiro a vida
os coágulos depois o osso enfim
os arcos das costelas
o esterno
já ferido pelos dias

É ele o meu pulmão o músculo do meu
sangue perdido
barbatanas escamas guelras eixo
peixe
deitado no meu peito e vivo
entre ruínas

§


Os limões frios

De cada vez que vínhamos à casa
dos bisavós longinquamente mortos
que para ela tinham escolhido
um lugar na pureza
da terra absoluta
quando
principiava a primavera
e a avó saudava as andorinhas
como se no regresso
do ano anterior as mesmas fossem
e o sopro dos besouros me fazia
sentir que qualquer coisa novamente mudara
nos meus dias e o verão
subia e o calor da tarde intumescia
o sexo adolescente
e antes de regressar ao varejo da amêndoa
num silêncio de suor o jovem tio dormia
de cada vez nós víamos
da árvore desprenderem-se
os limões frios