No próximo dia 1° de abril completa-se 45 anos do Golpe Militar. Tal “aniversário” me lembrou que há cerca de 4 meses escrevi uma matéria para a faculdade abordando o tema. Naquela ocasião tive a oportunidade de entrevistar pessoas que vivenciaram os anos ditatoriais, e principalmente, que foram presas sob a acusação de ser “simpáticas ao comunismo”. Tenho pelos “anos de chumbo” um verdadeiro fascínio. Aliás, há muitos anos me interesso pelo período militar brasileiro e latino-americano (com hífen ou sem?) por considerá-lo um momento histórico-cultural impar. Pude durante esses anos entre o ensino médio e a faculdade assistir, ler e ouvir inúmeros depoimentos e relatos de perseguidos políticos e artistas, todos me impressionaram deveras, mas era algo como que distante, surreal...
No entanto ao conversar pessoalmente com torturados o impacto é muito maior. Incomensuravelmente maior, afirmo mesmo ciente da hipérbole cometida. Dessa maneira, o asco pelos militares golpistas e seus apoiadores civis se torna “concreto”, o que antes era esboço fixa-se como desenho definitivo. Bom, eu poderia ter escrito um texto jornalístico para lembrá-los sobre o Golpe, ter falado sobre o escandaloso e equivocado editorial da Folha de São Paulo que ousou “nomenclaturar” tão tenebrosa época com o eufêmico “Ditabranda”. (O que denuncia, é claro, as intenções dos grandes veículos de comunicação de promover o esquecimento e fomentar a amnésia da população). Mas prefiro em casos como este oferecer a minha interpretação subjetiva, talvez seja mais humana que a pretensa imparcialidade dos fatos.
Para encerrar um poema de Brecht:
Primeiro levaram os comunistas
Mas não me importei com isso
Eu não sou comunista.
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário.
Depois prenderam os sindicalistas
Mas não me importei com isso
Também não sou sindicalista.
Depois agarraram os sacerdotes
Mas como não sou religioso
Também não me importei.
Agora estão me levando,
Mas já é tarde.
PS: Volto no Dia da Mentira pra postar algum clássico da MPB que denunciava a "carinhosa" Ditadura.
3 comentários:
Com hífen
Há um filme que se chama cabra-cega. Vc já viu o documentário que acompanha a versão em dvd desse filme? É fantástico! Outro fimle legal que seu post me fez lembrar é aquele sobre o fei TITO, não me lembro do nome do filme, mas é feito pelo Caio Blat. Abraço!
Saudações Ricardo! Cabra-Cega eu assisti, mas não ao documentário. Grato pela indicação, tentarei encontrá-lo. Em relação ao filme do Frei Tito, creio se chamar Batismo de Sangue, uma adaptação do livro homônimo escrito por Frei Beto. Abraços!
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