06 janeiro 2009

A Pop-pobre Arte

Volto mais uma vez a um tema muito caro a mim, a arte contemporânea. Como pode ser percebido por meio do post anterior sou um daqueles que acham necessário certa ponderação e principalmente análise crítica às obras artísticas concebidas pós-Duchamp e seu ideal de anti-arte. No entanto para dar continuidade a essa série de quimeras (superficiais, retóricas etc, mas necessárias a minha própria organização mental) ouso escrever sobre um outro mago e paradigma do século XX: Andy Warhol.

Assim como por Duchamp nutro pelas obras de Warhol uma desconfiança. É demasiadamente irritante ouvir e ler por aí (mesmo quando são pessoas sensatas a falar e escrever) afirmações que insistem em proclamar a grandiosidade artística e intelectual do fomentador da pop art. Mais um ‘fazedor de arte’, como inúmeros espelhados por esse mundo. Essa é a minha opinião sobre Andy de forma direta e clara. Indireta e retoricamente eu afirmo ser ele um homem inteligente que soube manipular astutamente os formadores de opinião e imprimir, ou melhor, instaurar um período de mega industrialização da arte, um segundo momento do processo inaugurado por Duchamp. Os pensadores da Escola de Frankfurt teciam criticas atrozes sobre a industrialização da Arte (Indústria Cultural) e a conseqüente perda do status de arte dessa obra reproduzida largamente – uma vez que esta perde a “aura” que lhe credita com tal status. Só posso imaginar Adorno e Horkheimer enfurecidos em algum umbral filosófico por aí.
Divagações à parte, é claro que a obra de arte é um objeto e desde há muito tempo é comercializado. Também é pertinente dizer que muitos artistas se tornaram empregados do mercado internacional de arte como Picasso e Salvador Dalí, para ficar em dois nomes expressivos. Mas também é fato que tanto o primeiro quanto o último possuíam propostas estéticas, trabalhos e construções de significações mais complexas que àquelas criadas por Andy. Aliás, para não ser injusto até digo que uma obra de Warhol é digna de análise: a Sopa Campbell. É interessante perceber que ele ousou reproduzir o indivduo (Marilyn Monroe, por exemplo) e individualizar o industrializado. Algo interessante, embora não merecedor de tanto culto.
Enfim, termino mais este post com um trecho do artigo de Luciano Trigo, colunista blogueiro do G1: “Se Duchamp foi decisivo para o salto conceitual da arte, que passou a dispensar suportes e até mesmo a “mão” do artista (o que teve desdobramentos infinitos), Andy Warhol (1928-1987), por sua vez, revolucionou a relação entre arte e capitalismo: se a arte sempre foi também mercado, a partir dele passou a ser principalmente mercado: o êxito (não apenas comercial, mas também midiático, pois o artista deve ser uma estrela) se tornou o critério exclusivo da qualidade da obra, não sua conseqüência eventual. Isso explica, aliás, por que a crítica de arte perdeu importância: ela não tem nada a acrescentar a uma relação que já está dada, é tão inútil quanto buscar um sentido estético no sobe-e-desce das ações da Bolsa de Valores.” (O pensamento vivo de Andy Warhol. Acesso em 5 de janeiro de 2009. Disponível em: http://colunas.g1.com.br/maquinadeescrever/2009/01/04/o-pensamento-vivo-de-andy-warhol/ )

Nenhum comentário: