23 novembro 2008

Oroboros...


Naquela manhã vivemos.
Não, foi ao entardecer... Ou melhor, foi ao amanhecer.
O Viver arde.
Viver é aquecer, ascender infindos abismos de um negrume acéfalo.
Viver é debruçar-se ao tecer
da laboriosa tapeçaria imposta pelo morrer.


Naquela noite morremos.
Não, foi ao entardecer... Ou melhor, foi ao anoitecer.
A Morte arde.
Morrer é umedecer, descer infindos abismos de uma brancura asséptica.
Morrer é cessar-se de tecer
a laboriosa tapeçaria imposta pelo viver.
J.C.

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