Mais de um ano. É esse o tempo que transcorreu desde a sua morte. Foda. Ainda dói, às vezes intensa e profundamente, em outras é fraquinha, apenas um lembrete do que perdi, acho. Mas pra que escrever essas coisas sentimentais, se você não poderá lê-las. Ah, amor. Escrevo para mim. Para não esquecer de você e, sobretudo, não esquecer de mim.
Esquecer. Tenho medo desse processo que teima em vitimar - eu gente humana, embora muitas vezes não pareça – a mim, e a todos os outros que ainda vivem. Os mortos, penso, não sofrem de tal moléstia.
Pois bem, não é que ontem me dei conta que você começa a se apagar em minha memória?! É. Seu riso – que tanto amo – já não me vem tão facilmente, requer algum tempinho de procura em meio a tanta zona sombria, e sua voz, com certeza, não ecoa com o mesmo vigor dentro desta minha caixa craniana... Fico realmente triste ao constatar isso. Aliás, mais triste ainda fico em pensar que esquecê-la significa esquecer parte do que vivi. (Uma boa parcela morreu e foi enterrada juntamente com o seu cadáver, como disse a muitos, naquela época).
Neste momento repasso muito do que vivenciamos juntos, os tantos momentos de amizade, as conversas em sala de aula, as horas no telefone e as confidencias murmuradas, a compreensão... Vivemos tanto! É revoltante saber que me esquecerei de tudo: das gargalhadas que vinham em ondas incontroláveis, verdadeiras convulsões de alegria, mas também do choro, igualmente, incontrolável, fértil... Daqui a alguns anos nada passará de uma, talvez nem isso, lembrança difusa? Quem sabe um nada?
Temo, amor, temo. Ao que tudo indica acabarei por matá-la, ajo, sem querer, claro, como aquele câncer... Engraçado, você que era de câncer!... Enfim, mas se, por ventura, eu realmente assassiná-la, não foi por maldade, por querer. Foi a vida. Viver tem dessas coisas: mata as pessoas que amamos com a mesma impiedade que nos mata, né? De qualquer forma, me faça um último favor, não solta da minha mão... Se lembra? Como naquela música... Não solta de minha mão.
Esquecer. Tenho medo desse processo que teima em vitimar - eu gente humana, embora muitas vezes não pareça – a mim, e a todos os outros que ainda vivem. Os mortos, penso, não sofrem de tal moléstia.
Pois bem, não é que ontem me dei conta que você começa a se apagar em minha memória?! É. Seu riso – que tanto amo – já não me vem tão facilmente, requer algum tempinho de procura em meio a tanta zona sombria, e sua voz, com certeza, não ecoa com o mesmo vigor dentro desta minha caixa craniana... Fico realmente triste ao constatar isso. Aliás, mais triste ainda fico em pensar que esquecê-la significa esquecer parte do que vivi. (Uma boa parcela morreu e foi enterrada juntamente com o seu cadáver, como disse a muitos, naquela época).
Neste momento repasso muito do que vivenciamos juntos, os tantos momentos de amizade, as conversas em sala de aula, as horas no telefone e as confidencias murmuradas, a compreensão... Vivemos tanto! É revoltante saber que me esquecerei de tudo: das gargalhadas que vinham em ondas incontroláveis, verdadeiras convulsões de alegria, mas também do choro, igualmente, incontrolável, fértil... Daqui a alguns anos nada passará de uma, talvez nem isso, lembrança difusa? Quem sabe um nada?
Temo, amor, temo. Ao que tudo indica acabarei por matá-la, ajo, sem querer, claro, como aquele câncer... Engraçado, você que era de câncer!... Enfim, mas se, por ventura, eu realmente assassiná-la, não foi por maldade, por querer. Foi a vida. Viver tem dessas coisas: mata as pessoas que amamos com a mesma impiedade que nos mata, né? De qualquer forma, me faça um último favor, não solta da minha mão... Se lembra? Como naquela música... Não solta de minha mão.
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