Reproduzo abaixo a opinião de Deleuze sobre Wittgenstein concedida a jornalista Claire Parnet em decorrência da gravação do "Abecedário de Gilles Deleuze". Deleuze é um dos grandes nomes do pensamento complexo francês da segunda metade do séc. XX, aliás não se pode pensar a psicanálise, ou mesmo a internet, comtemporânea sem cometer a gafe de não recorrer aos intricados conceitos criados por ele e Guattari, por exemplo. Reitero: aqui está, mais especificamente, o verbete W do Abecedário. Entretanto, recomendo aos interessados a leitura dos demais, eles revelam o quão aguçado pode ser o pensamento mesmo em questões aparentemente pouco relevantes.
Ah, acho também que as palavras do "rizomático" filósofo (radicais, duras, inapropriadas talvez) podem ser aplicadas a uma série de outros pensadores, ou melhor ao séquito de ignorantes que apreendem qualquer teoria filosófica como dogma. Começo a gostar dos peirceanos...
Claire Parnet: Vamos ao W.
Gilles Deleuze: Não tem nada em W.
Claire Parnet: Tem sim: Wittgenstein. Sei que não é nada para você...
Giles Deleuze: Não quero falar disso. Para mim, é uma catástrofe filosófica. É uma regressão em massa de toda a filosofia. O caso Wittgenstein é muito triste. Eles criaram um sistema de terror, no qual, sob o pretexto de fazer alguma coisa nova, instauraram a pobreza em toda a sua grandeza. Não há palavras para descrever este perigo. E é um perigo que volta. É grave, pois os wittgensteinianos são maus, eles quebram tudo! Se eles vencerem, haverá um assassinato da filosofia. São assassinos da filosofia.
Claire Parnet: É grave, então?
Gilles Deleuze: Sim, é preciso ter muito cuidado!
Um comentário:
Agora falta você falar um pouco sobre o Wittgenstein e sua opinião sobre ele.
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