04 dezembro 2008

Tempos


Tempo. É chegado o tempo de viver, me dizem. É chegado o tempo de morrer, eu digo a mim mesmo. Mas o Tempo é inexorável e pouco conciliador sabemos. Na verdade, cruel em suas artimanhas não permite que vivamos e nem mesmo deixamos de viver. Seja essência, ouve-se o nobilíssimo Ser murmurar, quase inaudível, embora sempre presente... Freqüência é o determinante. Freqüente a vida hoje, freqüentará a morte amanhã. E o não existir? Quando lhe será dado o tempo de ser. Nunca. Enfático e embrutecido assevera o pai da deterioração. Não haverá um tempo da não-existência, como não existirá o tempo onde o Tempo seja apenas mais um tempo. Aos nobres de linhagem, de origens inquestionáveis como o é o Tempo, nada será retirado. Neste âmbito não houve revolução burguesa. Trata-se aqui de uma aristocracia absoluta – sanguinária, inescrupulosa e demasiadamente vã, tanto quanto as daqueles que se diziam portentosos de sangue azul. No entanto, é uma elite inquestionável. E digno de pena aquele que tentar se rebelar contra tão fortes laços feudais... Seja vassalo do Senhor seu Tempo. Dele é a sua existência. É ele o seu Juiz Inquisidor. Será ele, por fim, a te embalar nos tempos vindouros.

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