
Enfim “Dúvida” filme que há algum tempo – desde que li sobre ele e vi parcas cenas em programas sobre cinema – ansiava por assistir... Pois na noite de hoje na companhia do Flávio e imersos em expeça bruma de fumaça de cigarros (com filtro branco) tive o prazer de me deleitar com as atuações de Meryl Streep, Philip Seymour Hoffman e Viola Davis. Grandes atuações, sem dúvida esse é o “ponto alto” do filme, embora o roteiro e a fotografia sejam primorosos.
No entanto quero voltar às atuações. Meryl Streep e Philip Hoffman não têm que provar mais nada acerca da capacidade interpretativa uma vez que já o fizeram, respectivamente, em A Escolha de Sofia e Capote. Dessa forma a surpresa para mim ficou por conta de Viola Davis. Sensacional.
Como em apenas uma cena, talvez em menos de 10 minutos, a formidável (adjetivos são necessários, perdão) Davis conseguiu expressar sentimentos tão adversos e profundos quantos os exigidos para aquele instante?! Não sei, mas foi incrível assistir a seca e pérfida (?) freira, personagem de Meryl acuada pelo arrombo de medo, raiva e incredulidade de uma mãe pobre (e negra diga-se en passant por ser esse fator relevante como é de se esperar de um filme estadunidense). Ótima cena, mas a seqüência não deixa por menos. Mais uma vez a freira é confrontada, e dessa vez pelo padre, um superior na hierarquia religiosa, interpretado por Philip. Contudo diferente da situação anterior na qual por espanto ela não reage, o embate aqui já era esperado. Isso poderia ter deixado a cena fria ou óbvia, mas por mérito dos atores mais do que do diretor ouso conjecturar, tudo transcorre intensamente. Há de se notar o altruísmo da Meryl Streep que serve de “escada” para o brilhantismo dos companheiros de cena, característica ou delicadeza que parece intrínseca aos grandes interpretes. Mas tenho que fazer justiça e afirmar que o final é só dela: é a reafirmação da superioridade das dúvidas frente às certezas incontestes. Sinto (e essa é a expressão mais pertinente em contraposição ao pensar) que a Dúvida não pode ser visto uma única vez. Tentarei antes do término das férias assisti-lo e me deleitar com as minhas dúvidas.